segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Na Terra dos Sonhos


Alguém nos segredou que a Terra dos Sonhos seria uma aventura cheia de capítulos…decidimos pois espreitar a Quinta do Castelo, em Santa Maria da Feira. Dobrada a entrada, acompanhados por melodias intemporais encontrávamos a cada instante personagens de histórias infantis (Branca de Neve e os sete anões, Gepeto e o Pinóquio, Capuchinho Vermelho, Lobo Mau, entre muitos outros) e a Casa do Pai Natal.
Magia, muita magia, dos contos de fada e das fábulas. Piratas a navegar, procurando o Peter pan, neve caindo sobre os cedros, a aldeia dos duendes. Ao longe muitos amigos descendo na pista de neve. Corremos na sua direcção. Descemos a toda a velocidade também. Sorrindo, sentindo um friozinho na barriga! Mais à frente uma parede de escalada e respirar fundo, ganhar coragem, rappel! Divertido ver os corajosos a cerrar os dentes e voar! Uma tarde de sonhos, sonhos de meninos, de graúdos, juntos. Tarde bem passada, sentida, carinhosa. Agora tempo de férias, doces, e família ao pé do fogo que o Natal já espreita…



terça-feira, 25 de novembro de 2008

Visita da Escola EB 2.3 Argoncilhe à nossa "casa"







Após uma semana de nervos, eis que chegou o dia. Meninos e meninas, de duas turmas, da escola EB 2/3 de Argoncilhe vieram visitar-nos, Estes meninos são nossos colegas de turma.



Puderam ver com os próprios olhos as condições em que nós vivemos, falaram com os nossos pais, entraram dentro das nossas barracas de madeira e zinco. Visitaram também o nosso pavilhão. Lá dentro tiveram oportunidade de ver os trabalhos que estão expostos. Ficaram admirados com a quantidade de desenhos, quadros, com os cenários do "carro preto, carro branco". Aliás, os nossos amigos também aproveitaram para ver o filme numa tela grande, como se de um cinema real se tratasse. Foi óptimo ver os nossos colegas rirem com as nossas brincadeiras no "making of" e apreciarem, baterem palmas depois de verem o nosso filme.



No final enquanto uns se despediam, outros aproveitavam para olhar para os trabalhos pela última vez. Foi um excelente dia, acima de tudo porque pudemos receber os nossos amigos na nossa casa e mostrar um pouco do nosso contexto. Que esta visita seja a primeira de muitas!

Carro Preto, Carro Branco premiado no CINANIMA










Após ter sido seleccionado para as categorias de jovem cineasta Português e melhor curta metragem de animação Portuguesa do ano, no festival internacional de cinema de espinho "CINANIMA", o nosso filme "carro preto, carro branco", foi agraciado com a menção especial do Júri na competição de melhor cineasta jovem. Segundo este painel "o carácter inovador da película e a utilização da expressão artística enquanto ferramenta de intervenção social" justificaram a referência honrosa.
A nossa felicidade, é a felicidade partilhada de todos os rostos que participaram no projecto e que continuam a acreditar...

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Cinema, de todos nós...

Mais um passo importante foi dado na nossa aprendizagem, nos ateliers do projecto "Desalojar a Exclusão". Na expressão plástica terminamos a curta metragem de animação "Carro Preto, Carro Branco". O filme retrata a história de um senhor chamado "Leonel, um cigano deste e de todos os acampamentos. Este homem, diariamente procura sucata como forma de sustentar a sua família. Esta é composta pela esposa, Carla e pelos seus filhos Patrícia, Sandra e Carlos. Carla muitas vezes acompanha Leonel na sua jornada. O "nosso" personagem principal tem dois carros, um carro de cor branca que serve para procurar e transportar a sucata e um carro preto para passear nos fins de semana com a família. A história relata-nos a dificuldade que Leonel tem, hoje em dia, para conseguir recolher sucata e procura ser um testemunho de sobrevivência. O filme de animação mostrou-nos como reutilizar material usado, muitas vezes considerado lixo. Toda a película foi produzida com este tipo de materiais. Aprendemos igualmente as técnicas que possibilitam animar imagens, a construir cenários, a fazer gravações de voz. Embora o trabalho tenha sido excelente, foi muito cansativo. O calor dos holofotes, as milhares de posições que os personagens tiveram de ter para a animação ser possível, o corte das latas, revistas, enfim uma quantidade enorme de trabalho, mas feitas bem as contas no final valeu a pena todo o esforço.
São seis minutos de filme elaborados de coração e alma. Mostremos ao mundo através da arte um pequeno retrato da nossa vida, de muitas das vidas de elementos das nossas comunidades. A sua dureza, mas também os seus sorrisos.
Durante este trabalho existiram momentos inesquecíveis que poderão ser vistos em parte no making of do "Carro Preto, Carro Branco". Um agradecimento especial ao monitor Paulo D'Alva, pelo seu empenho e pela força que sempre nos deu e a todos aqueles que directa ou indirectamente nos ajudaram a fazer algo de que tanto nos orgulhamos.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

O teatro saiu à rua...

Teatro. Sonho. Dos sonhos reza a história. Na companhia da Julieta saimos para uma noite diferente, convidados, desafiados para assistir ao Festival Imaginarius em Santa Maria da Feira. Quem conhece a cidade em dia normal ficaria admirado com a confusão daquele dia em particular. Tanta gente entusiasmada, tanta gente a circular, sendo muitas vezes necessário pedir licença para passar. A iluminação era tamanha, parecia dia. As esplanadas estavam cheias, a rua encheu-se de fantasia, diabos, defuntos, bailarinas, música. Engraçado foi ver a Irene a fugir dos diabos a sete pés! Divertida igualmente a peça do general. A certa altura este mandou despir a roupa toda dos seus soldados e quando estes estavam todos nús, de cócoras, o general dava-lhes palmadas no rabo! Gostamos muito das companhias que trabalhavam com fogo e água, espectacular mesmo.
O homem pendurado na parede por uma mão dava para pensar, como seria que ele estava agarrado?
E o que dizer das bailarinas? Bonitas, o Filipe estava sempre a olhar para elas. Bem, o Filipe e companhia. O Miguel e o Hugo também não perdiam a oportunidade de uma mirada!Terminamos a noite a comer fogaça e a beber um copo de cola. A conversar.
Foi uma noite inesquecível, mostrando-nos coisas que nunca tínhamos visto. Esperamos que mais espectáculos, mais momentos aconteçam!

terça-feira, 27 de maio de 2008

Poema Outono

Na ternura de estações que já não o são, um poema criança....



O Outono é tempo de folhas caídas

castanhas e vento frio

Chove na terra, por vezes forte

A água da chuva corre para o rio



As árvores ficam despidas

rasgadas, com feridas

As folhas de todas as cores voam

das folhas se fizeram despedidas



O vento do norte soprará

Viagem para todo o lado

Pelas serras, vales e montes

Vento frio, vento gelado



O frio Inverno chegará

neve, deus dará

batento nas portas sem parar

o vento destroi tudo ao dançar.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

O Cavalo Pintado

Numa terra portuguesa, com certeza, vivia uma família que vendia cavalos. Todos os dias os filhos mais novos iam com animais ao pasto. Cavalgavam por entre os pinhais como flechas, sentindo a brisa do vento na cara. Esta família era muito conhecida pela qualidade dos seus cavalos, vinham pessoas de todo o lado para comprar os seus animais. Um dia, numa manhã ensolarada de Primavera, chegou um homem com vontade de fazer negócio com o senhor Monteiro. Era um senhor educado mas com a mania de esperto, com muito dinheiro e com um pedido um pouco esquisito. Disse ao senhor Monteiro que a sua fama de criador de cavalos passava para além das planícies e, por isso, veio ter com ele para um negócio. Queria a todo o custo uma égua com pintas para impressionar os amigos e vizinhos. Ora o senhor Monteiro, logo à partida, disse-lhe que não tinha, mas o comprador insistiu de tal forma, que o senhor Monteiro decidiu pregar-lhe uma partida. Ora após reflectir um pouco, o senhor Monteiro juntamente com os seus filhos resolveram satisfazer o pedido do comprador. Foram ao cabeleireiro comprar spray de tinta preta, que ao misturar com óleo queimado formava uma pasta que era difícil de sair da roupa. Ora se era difícil sair da roupa, seria igualmente difícil sair do pêlo do animal. Com um pincel molhado nesta tinta, fizeram várias pintas na égua tornando-a no animal que o comprador tanto queria. Deixaram secar a tinta, tentaram tirá-la com água e um esfregão e como não saia chamaram o comprador. O homem gostou tanto do animal que se propôs logo a comprá-lo. Nesta altura o senhor Monteiro, um vivido negociante, disse que era a égua mais cara que tinha e que só a vendia pelo dobro do valor. O comprador nem pestanejou, pagou imediatamente ao senhor Monteiro com o ar de quem tinha comprado uma preciosidade por uma preço muito baixo, mal sabia ele o resto da história. As aparências iludem, os preconceitos mais ainda…

quarta-feira, 9 de abril de 2008

8 de Abril "Dia internacional Romani"

Surgiu como celebração no intuito de dar visibilidade à presença das comunidades ciganas em todo o mundo.
Esta data, à semelhança da bandeira e do hino ciganos, foi oficializada no primeiro Congresso Mundial Romani em 1971.

As populações ciganas são nos nossos dias, cerca de 10 milhões de pessoas em todo o mundo. Na Europa constituem a minoria étnica mais importante e numerosa com cerca de 8 milhões de pessoas. Em Portugal estima-se que vivam cerca de 40 mil portugueses de etnia cigana e ainda ciganos, em número desconhecido, oriundos da Europa Central e de Leste.

Hoje festejamos, pensamos, caminhamos…

sexta-feira, 7 de março de 2008

Um atelier, uma história

De todas as histórias que começam, de todas aquelas que foram uma vez...história, realidade.
Era uma vez uma menina cigana que vivia num acampamento perto de Aveiro. A menina chamava-se Lídia. Tinha dez anos e era uma rapariga muito linda. Cabelo castanho, todo encaracolado. Todos a conheciam por “cigana alegre”, pois sempre cantarolava música cigana. Quando havia festa era uma maravilha vê-la dançar, acompanhar o ritmo. Ser o ritmo. No acampamento havia uma cigana mais velha que dizia que a Lídia seria a cigana mais linda do País.
Um dia a Lídia estava a cantar uma música, quando passou no acampamento um cantor cigano famoso. Era o Xano. Como adorou ouvi-la convidou-a a cantar com ele nos espectáculos que fazia. O pai da Lídia permitiu, pois o Xano era amigo dele e ao mesmo tempo era um sonho da menina. O sucesso foi imediato, a voz era linda, tornando-se Lídia a melhor cantora deste e de outros tempos…

quinta-feira, 6 de março de 2008

Rostos de uma estrada

Fernando

“Olá, sou o Fernando, tenho 16 anos e nasci em Ovar. Sou casado com a Irene. Os meus pais moram em Avanca. O meu sonho é tirar a carta de carro e ter um carro todo tunning, embora servisse para trabalhar na procura de sucata para vender, para ganhar a vida. Gosto de aprender coisas novas. Gosto muito de ver filmes, sendo o “Velocidade furiosa” o meu predilecto. Tenho um vício enorme, enviar mensagens. Gosto de ouvir música cigana e gosto de dançar. Nós temos aulas com o Paulo, Filipe, Julieta, Pedro. Gosto de jogar futebol e até desafiei os pajos do Castiis para um jogo para sentirem na pele a raça cigana a jogar. Os pajos do Castiis são altamente, temos confiança neles. Não vendo nas feiras”.

Hugo


"Sou o Hugo, tenho 14 anos, moro na rua da Baralha e sou bom rapaz. Como vivo numa barraca gostava de um dia ter uma casa. Gosto muito de animais, principalmente de cavalos, se pudesse teria mais de 50 de raça.
Tenho 7 irmãos sendo 4 casados e já alguns sobrinhos. Gosto muito de música, de dançar música cigana e música de pajos. Gosto de ver filmes de acção e de jogar no computador. Antigamente os ciganos do meu acampamento costumavam vender coisas na feira, hoje já não é assim. Ajudo os meus pais a vender sucata sempre que posso.
Ainda ando na escola a estudar, nos tempos livres das aulas costumo passear com os meus amigos e piscar os olhos a umas meninas bonitas. Por falar em meninas bonitas, quando casar quero que seja com uma menina bonita. O casamento na nossa comunidade acontece muito cedo entre nós, mas eu só me quero casar a partir dos 15 anos, até lá vou gozando a minha vida".




Miguel


"Eu sou o Miguel, tenho 13 anos e moro na acampamento da Baralha. Gosto de lá viver mas se fosse numa casa nova ainda melhor. No Castiis estou inserido no grupo dos mais velhos. Gosto muito de cavalos e principalmente de cavalgar em cima deles. Sempre que não estou na escola, para ganhar alguns tostões costumo arranjar sucata para vender. Quando arranjo cobre é uma maravilha. Tenho 5 irmãos sendo eu o mais novo. Gosto muito de música, tanto ouço música cigana como musica de pajos principalmente hip hop. Embora seja cigano não gosto de dançar, gosto mais de ouvir. Costumo ir à feira para comprar coisas e não para vender. Na comunidade é muito normal os mais novos casarem muito cedo, mas eu não quero, quero sim gozar a vida primeiro. Gosto de jogar à bola com ciganos e pajos. Os meus maiores amigos são sem dúvida o Filipe e o Hugo".

Irene


"Chamo-me Irene Garcia Monteiro e tenho 16 anos, nasci em Oliveira, sou casada com o Fernando, que pertence a este grupo e não tenho filhos. Não vivo com a minha sogra, vivo com a minha mãe. Estou inserida no grupo dos mais velhos no Castiis. Gosto de cozinhar, mas às vezes sou um bocado malandra para cozinhar, sei fazer tudo menos sopa. Tenho muito contacto com os pajos. Gosto muito de andar no Castiis, pois quando vim para aqui não sabia mexer nos computadores, mas agora sei. Foi no Castiis que aprendi. Tenho aulas fantásticas, gosto muito das aulas que dão os pajos, são muito fixes, tenho aulas de Expressão Musical, Expressão Corporal, Expressão Plástica e nos computadores que é o Tic. Os professores chamam-se Filipe, Pedro, Paulo, Julieta, e também temos o Nuno, a Inês e a Filipa que são os responsáveis. Pertenço ao grupo dos casados, assim como Celina e António, Goreti e José. O José é meu irmão e tem uma menina de um ano que é minha sobrinha e afilhada. O Miguel e o Filipe o Hugo e também a Constância são todos os meus primos. Estes são os que andam no meu grupo com a professora Julieta. Vamos fazer um teatro, que iremos representar em Julho em santa Maria da Feira. Gosto muito de estudar em casa, muitas vezes estudo sozinha com o livro de história. Gosto muito de cantar músicas de Deus, vou à igreja nas Terças, Quintas, Sextas e Domingos, já cantei uma vez para o Castiis. Não gosto de batatas nem de peixe, gosto muito de massa, arroz, mas o meu prato preferido é jardineira. Gosto muito de passear, de ver desenhos animados e filmes. Nos Sábados e Domingos que são os meus dias de folga, vejo desenhos animados durante toda a manhã. Gosto muito de dormir e gosto de acordar tarde. Vivo num apartamento, gosto muito de brincar com as crianças, mesmo sendo casada".


Goreti


"Olá, sou a Goreti Soares Monteiro e tenho 15 anos.
Eu nasci em Oliveira,sou casada com o Zé e tenho uma filha que se chama Luciana com um ano. Eu gosto muito de cozinhar. Tenho 10 irmaos, sendo oito casados. Vivo com os meus sogros e cunhados, mas gostava de ter uma casa, só minha.
Eu tenho uma cunhada que se chama Irene. Gosto muito do Castiis
Os professores são fantásticos. Eu gosto muito das aulas.

terça-feira, 4 de março de 2008

primeiros dias do resto das nossas vidas...

Somos um grupo de crianças e jovens ciganas de Sanguêdo. O s nossos nomes são: António, Fernando, Hugo, Filipe, Gabriel, Miguel, José, Goreti, Carla, Patrícia, Irene, Celina e Constância. Somos um grupo de amigos, alguns já casados, como a Goreti e o Zé, o António e a Celina, o Fernando e a Irene. No grupo dos mais novos temos: o Rui Jorge, a Lurdes, a Laurinda, a Sandrinha, a Júlia, a Sandra, o Gabriel, o Leonel, o Gaspar, o Diogo, Rafaela e António
Neste projecto temos o apoio de vários monitores: O Paulo, Filipe, Pedro, Toni, Julieta, Márcia e Marisa. É claro que não nos podemos esquecer de outros amigos do CASTIIS: o Nuno, a Vânia, a Filipa, Patrícia e Inês.
Temos ateliers de Novas TIC, Expressão Corporal, Expressão Musical, Expressão Linguística e Expressão Plástica.
Uma das razões que nos levou a querer e a gostar de aqui estar foi sem dúvida ter novos conhecimentos que nos ajudam no nosso dia-a-dia. Para muitos de nós foi a primeira vez que tivemos contactos com um computador.